Carbono equivalente: como e para que medir e contabilizar?

O cálculo do carbono equivalente leva em conta o potencial de aquecimento global de cada gás de efeito estufa, comparado com o dióxido de carbono (CO2). O carbono equivalente permite uma comparação mais precisa das emissões de diferentes gases de efeito estufa. 

Como foi citado no artigo anteriormente divulgado, para que seja feita a conversão dos demais gases em CO₂e, foi desenvolvido o GWP (Global Warming Potential, em português “Potencial de Aquecimento Global”). E para conhecimento, abaixo estão listados os valores GWP de cada GEE (A molécula de CO₂ sempre terá índice de GWP igual a 1):

Fonte: https://ghgprotocol.org/sites/default/files/Global-Warming-Potential-Values%20%28Feb%2016%202016%29_1.pdf

Isto equivale a dizer que o metano (CH₄) tem um potencial de causar dano ao ambiente 28 vezes maior que o CO₂, ou seja, emitir 1 tonelada de metano tem o mesmo efeito que emitir 28 toneladas de CO₂. O Hexafluoreto de enxofre (SF₆) tem um potencial de dano 23.500 vezes maior que o CO₂, ou seja, emitir apenas 1 tonelada de Hexafluoreto de enxofre na atmosfera equivale a emitir 23.500 toneladas de CO₂, em termos de impacto no efeito estufa. 

Contudo, ainda existe mais uma parte do cálculo que precisa de atenção. Apesar do CO₂ ter fator GWP de 1, 1 tonelada de CO₂ equivale a apenas 0,2727 toneladas de Carbono Equivalente. Isto se dá porque para o cálculo do Carbono Equivalente é considerado apenas a massa do átomo de Carbono (C) contido na molécula de CO₂, compreendendo apenas 27,27% da massa total da molécula. Assim, o Carbono Equivalente é calculado através do valor do GWP relativo multiplicado por 0,2727, conforme a tabela abaixo mostra:

Desta forma, é possível entender como funciona uma venda no mercado de carbono: Suponha que 1 tonelada de Carbono Equivalente esteja cotada em 1.000 dólares no mercado. Desta forma, a remoção de 1 tonelada de CO₂ da atmosfera permitiria a geração de 0,273 crédito de carbono, com um valor de 273 dólares, enquanto que a remoção de 1 tonelada de Hexafluoreto de enxofre permitira a geração de 6,4 créditos de carbono, valendo um total de 6.408 dólares. 

Assim, a fórmula para o cálculo do carbono equivalente é a multiplicação da quantidade mássica de um gás (mg, g, kg ou toneladas) pelo seu fator GWP, multiplicado pelo fator de 0,2727 e, por fim, convertido para toneladas, já que 1 crédito de carbono é pago para cada tonelada de CO₂e.

De acordo com análises do Centro Mundial Agroflorestal (ICRAF) junto com o Consórcio Iniciativa Amazônica (IA), para medir e contabilizar o carbono equivalente, é necessário seguir as seguintes principais etapas: 

• Identificar as fontes de emissão de gases de efeito estufa (GEE); 
• Medir as quantidades de GEE emitidas; 
• Calcular o carbono equivalente (CO2e); 
• Registrar e monitorar as emissões regularmente. 

Sendo assim, a medição do carbono equivalente é fundamental para compreender e abordar o impacto das atividades humanas no meio ambiente e para a implementação de medidas efetivas para sua redução. Além disso, é uma ferramenta importante para a transparência, responsabilidade e conscientização sobre a necessidade de ações sustentáveis. 

A contabilização do carbono equivalente permite a quantificação precisa dessas emissões, permitindo a identificação das fontes mais significativas e a implementação de medidas efetivas para a sua redução. Isso é crucial para o alcance dos objetivos de sustentabilidade, tanto a nível global quanto local, como a diminuição das emissões de gases de efeito estufa e a mitigação dos efeitos negativos do aquecimento global.