Terras Indígenas e Preservação Ambiental: Um Olhar para o Mercado de Carbono 

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O debate global sobre as mudanças climáticas e a preservação ambiental tem colocado em destaque o papel vital desempenhado pelas comunidades indígenas na conservação de ecossistemas. No Brasil, as regiões de demarcação de terra indígena apresentam indicadores de preservação mais elevados, quando comparadas com outras regiões e, assim, emergem como bastiões cruciais para a preservação ambiental.  

A preservação de matas nativas é uma das estratégias mais eficientes de captura de gases de efeito estufa da atmosfera. Leia aqui.

Portanto, o mercado de carbono desponta como importante janela de oportunidade para comunidades indígenas.  

Mapa das Terras Indígenas no Brasil

Fonte: Catálogo de metadados da ANA

Terras Indígenas e Preservação Ambiental 

Segundo levantamento do Map Biomas, terras indígenas são as áreas mais preservadas do país. O estudo feito por meio de análise de imagens de satélite mostra que apenas 1,6% da perda de florestas e vegetação nativa no Brasil entre 1985 e 2020 ocorreu em terras indígenas. 

https://ipam.org.br/imagens-de-satelite-comprovam-que-terras-indigenas-sao-as-areas-mais-preservadas-do-brasil-nas-ultimas-decadas/

Alguns fatores ajudam a compreender a importância dessas regiões para as estratégias de contenção dos efeitos do aquecimento global.  

Diversidade Biológica: As terras indígenas abrigam, em sua maioria, uma rica diversidade biológica devido à gestão sustentável e à relação respeitosa com a natureza mantida por essas comunidades. Dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) indicam que áreas indígenas na Amazônia concentram uma variedade única de espécies, contribuindo diretamente para a biodiversidade global. 

Manejo Sustentável: Com sistemas tradicionais de manejo sustentável, as comunidades indígenas desempenham um papel crucial na prevenção do desmatamento descontrolado e na promoção da utilização equilibrada dos recursos naturais. Estudos do Centro de Estudos Indígenas (CEI) destacam a eficácia dessas práticas na manutenção dos ecossistemas locais. 

Educação Ambiental: As comunidades indígenas frequentemente têm uma conexão cultural com o meio ambiente e adotam práticas de educação ambiental, transmitindo conhecimentos sobre preservação ecológica de geração em geração. Este fator contribui para a conscientização ambiental e, consequentemente, para a proteção das terras. 

O papel das terras indígenas no mercado de carbono  

  • Captura de carbono da atmosfera. A preservação das florestas nativas desempenha um papel fundamental na captura dos gases de efeito estufa. A vegetação, em seu processo natural de sobrevivência transforma o carbono em matéria prima para seu crescimento. Ou seja, manter regiões com grande extensão de floresta é um mecanismo natural e eficiente de reduzir os impactos da atividade humana na atmosfera.  
  • Redução das emissões de carbono. Por outro lado, a preservação da mata desempenha um papel fundamental na redução das emissões de gases de efeito estufa na atmosfera. Isso porque, de acordo com os dados do Sistema de Estimativas de Emissão e Remoções de Gases de Efeito Estufa do Observatório do Clima, no Brasil, 48% das emissões são provenientes de atividade de transformação no uso do solo e floresta. Isso quer dizer que, ao preservar as regiões de floresta, além de evitar o aumento das emissões, as terras indígenas contribuem com a captura de gases já emitidos na atmosfera.  
  • Projetos de Carbono de Base Comunitária: O desenvolvimento de projetos de carbono de base comunitária em terras indígenas oferece uma oportunidade para as comunidades participarem ativamente do mercado de carbono, consolidando sua autonomia. Com isso, constitui-se um mecanismo de incentivo das ações de preservação, transformando a preservação em desenvolvimento sustentável.  

As terras indígenas representam não apenas espaços de preservação ambiental, mas também são atores essenciais no combate às mudanças climáticas. O reconhecimento de seu papel no mercado de carbono não só contribui para a conservação global, mas também promove a justiça ambiental e social. À medida que buscamos soluções para os desafios ambientais, as vozes e práticas das comunidades indígenas devem ser valorizadas e integradas nas estratégias globais de sustentabilidade. 

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