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Cliclone bomba: Megatempestade de inverno no hemisfério norte provoca mais de 57 mortes nos EUA e Canadá

Saiba o que é e como se formou o ciclone bomba sem precedentes que causou mais de 57 mortes nos EUA e no Canadá.

Até o momento já são dezenas de mortes atribuídas ao evento climático extremo ocorrido no hemisfério norte, mais precisamente nos EUA e no Canadá. A tempestade de inverno Elliot se transformou em um dos eventos climáticos mais extremos de todos os tempos nesse hemisfério. Diferente dos ciclones bombas anteriores que atingiram a região, esse foi e será sem precedentes em extensão, número de mortes e prejuízos causados.

Ciclone bomba tem sua terminologia originária da meteorologia onde é conhecido como “bombogênese” e se refere a uma área de baixa pressão que se intensifica rapidamente. Para ser classificado assim, a pressão central de um sistema de baixa pressão deve cair pelo menos 24 milibares em 24 horas. As tempestades são formadas quando uma massa de ar de baixa pressão encontra uma massa de alta pressão. O ar flui de alta pressão para baixa, criando ventos.

Figura 1: Como se forma o ciclone bomba. Créditos da imagem: https://weather.com/storms/winter/news/2022-12-21-what-is-a-bomb-cyclone-bombogenesis

À medida que os ventos sopram, a rotação da Terra cria um efeito ciclônico. Visto de cima, a direção é anti-horária no Hemisfério Norte.

Um estudo realizado em 2021 e liderado por Robert Fritzen, da Northern Illinois University, conseguiu demonstrar que cerca de 7% de todos os sistemas não tropicais de baixa pressão perto da América do Norte de 1979 a 2019 eram ciclones bombas. São cerca de 18 ciclones bombas por ano, em média, perto da América do Norte no período de 40 anos, mas nada como a tempestade que presenciamos agora em dezembro de 2022.

Estima-se que mais de 250 milhões de pessoas foram afetadas pelo evento climático extremo nos EUA e no Canadá, e os prejuízos causados pela tempestade ainda serão sentidos ao longo dos próximos anos.

De imediato, o principal prejuízo foram as mais de 57 vidas perdidas contabilizadas nos EUA e no Canadá, até o momento em que esse artigo foi escrito. A maioria das vítimas foram encontradas em seus carros, casas ou bancos de neve que se amontoaram nas cidades. Foram 27 mortes apenas no estado de Nova York, onde a situação é mais crítica. Outros 11 estados relataram mortes: Colorado, Illinois, Kansas, Kentucky, Michigan, Missouri, Nebraska, Ohio, Oklahoma, Tennessee e Wisconsin. Milhões de pessoas ficaram sem eletricidade, sem água, sem aquecimento e milhares de voos foram cancelados ou atrasados, com isso muitas famílias foram separadas e não puderam se unir no combate ao evento climático extremo.

A longo prazo o ciclone bomba atual deverá atingir a logística, as plantações, a produção animal, principalmente gado de corte e leite, e consequentemente o abastecimento de alimentos nos EUA. Com o frio extremo os transportes param ou atrasam, os alimentos congelam e/ou estragam durante o transporte, as máquinas agrícolas podem quebrar, plantações tem atraso no crescimento ou se perdem, outras deixam de ser plantadas ou colhidas e os animais, quando sobrevivem, podem sofrer com doenças e sequelas do congelamento.

Um evento climático extremo como o ciclone bomba, apesar de durar apenas alguns dias, tem efeitos mais duradouros que vão deixar consequências principalmente no abastecimento e nos preços dos alimentos nos países afetados, até que a normalidade da produção e da logística seja retomada. Esse evento climático extremo pode estar ligado às mudanças climáticas, segundo disse Mark Serreze, diretor do Centro Nacional de Dados de Neve e Gelo da Universidade do Colorado, em Boulder. Segundo ele, “a mudança climática permite que a atmosfera transporte mais vapor d’água, o que atua como combustível”, possivelmente foi esse motivo que transformou a tempestade de inverno Elliot em um ciclone bomba sem precedentes.

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